A Associação Brasileira de Etnomusicologia vem por meio desta manifestar seu repúdio contra a ação policial genocida e racista no Rio de Janeiro nos Complexos do Alemão e da Penha, que vitimou mais de 100 vidas. Vivemos em uma estrutura social, política, cultural, sobe um sistema racial que há séculos vem legitimando o extermínio das populações negras de pele preta, parda  e periférica no Brasil. O movimento social negro brasileiro sempre denunciou os mitos que procuravam mascarar a verdadeira vocação que nossas instituições tinham e tem na política de morte que impede que possamos viver nossas vidas de maneira plena. O campo musical, já vem há pelos duas décadas e meia denunciando através da produção de conhecimento etnomusicológico, em especial, aquelas produzidas pelo Grupo Musica e Cultura (UFRJ), Dona Ivone Lara (RJ), Negô  (RJ) entre outros coletivos e grupos de pesquisa que vem tratando deste tema da violência em meio urbano, em especial, em comunidades faveladas. Portanto, a ABET posiciona-se contra os atos praticados e pede que os responsáveis pelas mortes, sejam responsabilizados perante a lei. Não podemos mais permitir que a cidadania e os direitos estabelecidos na constituição, sejam violados e a cidadania plena seja apenas algo impresso em papel. O que aconteceu no Rio de Janeiro, não pode e não deve ficar impune. Precisamos, sim de instituições que combatam esses movimentos antidemocráticos, racistas, genocidas e sexistas que insistem em nos matar. Que a justiça brasileira cumpra o seu papel enquanto guardiã da constituição cidadã. Isto é uma afronta ao estado de direito. O terror racial, tem que acabar!!

Pedro Fernando Acosta da Rosa

Presidente da Associação Brasileira de Etnomusicologia