A gestão da Associação Brasileira de Etnomusicologia (ABET – 2022/2023) deseja, aos amigos e associad@s, um ano repleto de realizações! Aproveitamos o ensejo para convidá-los a reconstruírmos nosso país, recolocando a cultura, a pesquisa e a produção científica da Música em seu lugar de destaque e valorização. Contamos com vocês nesta agenda afirmativa e firmamos o convite para que participem do XI ENABET (PRESENCIAL), que ocorrerá em Porto Alegre (RS), entre 16 e 19 de novembro de 2023.

Aceitamos o desafio de gerir a ABET com o intenção de combater o racismo estrutural nas universidades, apoiar as lutas dos movimentos sociais negros e dos povos originários pelas ações afirmativas, e hoje, o desafio de auxiliar nas ações políticas de reparações pelos quatro anos de desgoverno, que potencializou os mais de quinhentos anos de sistemas de opressão e massacres. Assim, apoiamos as políticas sociais planejadas no novo governo a nível estrutural e na escolha de seus respectivos Ministros e demais representações.

Gostaríamos de aproveitar e deixar registrado algumas ações que desenvolvemos em 2022 no 1º ano da Gestão Afirmativa na ABET que a partir do legado do movimento social negro e da Etnomusicologia Negra desenvolveu as seguintes ações:

Janeiro

No momento em que projeto anti-negritude acentuava-se no último ano do governo Bolsonaro, nos articulamos juntos aos movimentos sociais em Porto Alegre contra a agenda facista em curso e desenvolvemos nossa primeira ação no Fórum das Resistências realizado virtualmente em Porto Alegre em janeiro de 2022 com a participação de Eliane Almeida, Mauro Moura e Antônio Matos que trouxeram a importância da continuidade das cotas raciais. Já em fevereiro, compramos um canal de rádio online para desenvolvermos programas de rádio ou podcast durante o ano 2022/2023. Conseguimos com a colaboração de etnomusicólogos subir programas de rádio e podcast feitos na oficina realizada no Campo da Tuca em junho, assim como criar programação com músicas brasileiras e africanas. No mesmo mês, desenvolvemos uma forma de registro da nossa gestão, no primeiro semestre de 2022 com o Boletim da ABET que teve 5 edições e será colocado futuramente em nosso site.

Em março realizamos uma Live alusiva ao dia Internacional da Mulher organizado pela vice-presidenta da ABET Gabriela Nascimento em que 13 mulheres participaram do evento online. Destacamos a presença de mulheres da comunidade LGBTQIA+presentes na live trazendo suas agendas de luta. Tivemos o apoio de grupos de pesquisa em etnomusicologia de diferentes estados e universidades.

No mês de Abril, nossa associação abriu seus canais para ouvir a produção de conhecimento dos povos originários e seus protestos frente aos inúmeros problemas de ocupação, genocídio entre outros enfrentados no sul do país e sua luta pela Casa do Estudante Indígena na UFRGS, algo que se concretizou meses depois. Neste evento houve a presença de pesquisadores(as) indígenas, bem como mestras e mestres de saberes e ainda no mês de abril desenvolvemos a segunda roda de conversas sobre cotas na pós-graduação no Fórum Social das Resistências realizado presencialmente no Campo da Tuca com a presença da mestra Preta Rainha Ginga do Maçambique de Osório; a estudante de música Marguerite Santos; o antropólogo Iosvaldir Bitencourt Jr, e Antônio Matos do MNU.

Todos ressaltaram a produção de conhecimento negro e a luta antirracista no país. Tivemos também a realização de encontros do Ciclo Terapêutico Masani, um serviço oferecido pela ABET aos estudantes de música das universidades públicas durante o ano de 2022.

Em maio, tivemos uma Live histórica da ABET em homenagem ao professor Kazadi Wa Mukuna da República Democrática do Congo que desenvolveu na década de 70 um dos primeiros trabalhos de Etnomusicologia no país. Essa live contou com a ilustra presença do prof. Dr. Kabengele Munanga, entre outros etnomusicólogos e etnomusicólogas alunos de Kazadi no Brasil e do ex- presidente da ABET Thiago de Oliveira Pinto amigo do professor Kazadi.

No mês de junho, realizamos um curso de rádio online realizada pela ABET em parceria como grupo de pesquisa EtnoMus UFRGS e Associação Comunitária do Campo da Tuca, em que foram passados conhecimentos relacionados as ferramentas necessárias para produção de podcast. Parte dessa produção está disponível na rádio ABET (https://radioabet.com/) e atendendo o cumprimento do nosso estatuto fizemos 1° curso online: Etnomusicologia, Educação e Movimentos Sociais realizada pela ABET com a presença na aula inaugural do professor Kazadi Wa Mukuna que contou a relação de etnomusicologia com a educação e os movimento sociais, e um pouco do percurso histórico da área nos EUA. Foram 10 aulas com temas diversos que estão disponíveis no Google Sala de Aula (https://classroom.google.com/u/1/)

 

 

 

 

 

 

 

Neste mesmo mês, participamos da primeira ação conjunta entre ABET, ABEM e ANPPON em que o presidente da ABET Pedro Acosta atuou como mediador na live entitulada Não aos cortes em Educação, Ciência e Cultura e estiveram presentes no debate o doutorando em etnomusicologia da UFRJ Leonardo Moraes e Samuel Araújo ex- presidente da ABET.

Em julho intensificamos nossa ação no segundo semestre, e começamos participando de mais um ciclo de debate sobre ações afirmativas produzidas pela ANPPON, ABET e ABEM. Esteve presente nessa live a ex- presidenta da ABET Eurides de Souza Santos. Outro evento online importante, foi a Live das mulheres negras que contou com a presença ilustre da coordenadora geral do Movimento Negro Unificado Iêda Leal que trouxe o papel das mulheres negras, latinas e caribenhas nas lutas contra o racismo, bem como outras agendas que emergem dessa luta.  A atividade teve a coordenação de Gabriela Nascimento e da representante do conselho consultivo da ABET Caroline Ferreira.

No final do mês de julho, tivemos também a Live que contou com a participação da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva em que foram debatidas as questões das cotas raciais na 74° Reunião Anual da SBPC ( Sociedade Cientifica para o Progresso da Ciência), entidade na qual apoiamos e assinamos inúmeros cartas de combate as políticas de estado contra ciência, educação e tecnologia. Tivemos a participação de Marcelo Silva professor e Antropólogo e Mauro Moura estudante de Etnomusicologia da UFRGS e finalizamos o mês com o curso de Etnomusicologia, Educação e Movimentos sociais realizado em parceria com Jacinto Cursos, liderança do Movimento Negro em Bagé.

Em agosto tivemos a participação da ABET na IX jornada de Etnomusicologia da Universidade do Pará. Foi apresentado através do presidente da ABET o trabalho e a importância da Etnomusicologia no Brasil, os novos paradigmas que emergem e renovam a área. Neste mês começamos o 2° curso online do ano com titulo Etnomusicologia, Música, Gênero, Raça e Sexualidade, em que tivemos a convidada negra da comunidade LGBTQI+ Wenderson Oliveira professora e coordenadora do curso de Música da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Foram 8 aulas no mês de agosto em um total de 10 aulas.

No mês de setembro, começamos com a live de Direitos Humanos, Deficiência e Inclusão com a participação de uma das principais autoridades do campo musical e referência no campo dos estudos da deficiência no Brasil a prof. Dr. Viviane Louro que Trouxe um pouco do panorama da importância do tema no campo musical. Tivemos, também, nesta live a participação da coordenadora da APAE de Bagé Rosane Figueirola e a mediação foi feita pelo secretário geral da ABET Antoniel Lopes.

Podemos dizer que o mês de setembro foi bastante intenso, pois tivemos representando a Associação Brasileira de Etnomusicologia na mesa de abertura do Simpósio do ICTM realizado no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro de 19 a 24 de setembro de 2022 no congresso do ICTM a presença da vice-presidenta da ABET a doutoranda em Etnomusicologia Gabriela Nascimento.

Ainda neste mês, tivemos  reuniões com o professor Dr.  Anthony Seeger para tratar do painel de Etnomusicologia Negra organizada pela ABET na reunião anual da American Musicological Society (AMS), Society for Ethnomusicology (SEM), and Society for Music Theory (SMT). Tiveram presentes o Presidente da ABET Pedro Acosta, a Vice- presidenta Gabriela Nascimento, Miriam de Oliveira e o 1º secretário Antoniel Lopes. A reunião aconteceu em 29 de outubro de 2022.

Como resultado desses encontros tivemos a participação da Gestão da ABET no painel de Etnomusicologia Negra realizado na reunião anual da American Musicological Society (AMS), Society for Ethnomusicology (SEM), and Society for Music Theory (SMT) realizada de 10-13 de novembro de 2022 e foi representada presencialmente por Gabriela Nascimento e virtualmente pelo Presidente da ABET Pedro Acosta, o editor da Revista Música e Cultura Rafael Norberto, e demais secretários Antoniel Lopes e Tainara Machado e a ex- tesoureira Miriam de Oliveira.

Nossa última atividade presencial do ano foi a realização do I Encontro Nacional dos Povos Originários e Negros (ENAPON) na ABET com a participação ilustre do professor Dr. da Tufts University /EUA Kwasi Ampeneque que é membro do conselho da Society for ethnomusicology, (SEM), Associação de Estudos Africanos (ASA), integrante do Conselho Internacional de Música Tradicional (ICTM), da Seção de Música Africana (AfMS) na SEM, da Associação de Estudos de Gana (GSA) uma afiliada internacional da Associação de Estudos Africanos (ASA). O professor Kwasi, como gosta de ser chamado, ficou nos quatro dias de evento e participou de palestras e atividades dentro e fora da UFRGS.

Durante os três dias desse evento tivemos uma público de mais ou menos 200 pessoas e 30 convidados que participaram como palestrantes em mesas online, rodas afirmativas, conferências de abertura e encerramento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na ação descentralizada do evento no Quilombo Chácara das Rosas em Canoas e no Ponto de Cultura Campo da Tuca em Porto Alegre. Tivemos também uma rede de pessoais e instituições que cederam salas, transporte, alimentação, divulgação nas redes sociais e apoiaram a realização e divulgação do evento.

No encerramento do I ENAPON tivemos o grupo Desagravo e o Bloco da Amizade do Campo da Tuca que alegraram o final do evento com um repertório da música popular brasileira e das lutas dos movimentos sociais negros.

Fechamos o primeiro ano de nossa gestão em dezembro realizando uma reunião com o professor Kwasi Ampene, primeiro convidado confirmado no XI ENABET e a inclusão de 3 novos integrantes na diretoria da ABET Eliane Almeida substituindo Tainara Machado 2º Secretária, Michelle McArtur substituindo a 1º tesoureira Miriam de Oliveira e Daniel Stringini substituindo o vice-editor Paulo Parada. Agradecemos a colaboração dos ex- integrantes da diretoria que nos deixam por motivos pessoais e felicitamos e saudamos os novos integrantes.

Finalizamos o mês produzindo um google Sala de Aula com dois cursos ofertados de Etnomusicologia, Educação e Movimentos Socias e Etnomusicologia, Música, Gênero, Raça e Sexualidade, juntamente com todas as palestras realizadas no I ENAPON e transmitidas online com artigos e textos dos convidados que participaram e estão disponíveis para novos cursistas acessarem em 2023.

 

Como puderam perceber foi um ano bastante intenso de ações e muito trabalho. Esperamos continuar com a mesma força e energia no qual começamos em janeiro do corrente ano como um coletivo de Etnomusicologia Negra que assumi sua função social na Gestão de uma entidade científica. Nossos votos são que em 2023 sigamos conectados com a missão de nossa entidade e dos compromissos firmados em nosso estatuto. Que juntes, juntas e juntos, possamos seguir em parceria nas atividades desenvolvidas pela ABET, pois temos certeza que conseguiremos – a partir de nosso trabalho, dedicação, esforço e compromisso -, em nosso último ano de Gestão Afirmativa, colocar a ABET entre as principais entidades científicas do país e da sociedade civil.

Desejamos, assim, um Feliz Ano Novo a todes, todas e todos!

Atenciosamente,

Pedro Fernando Acosta da Rosa

Presidente da ABET

Equipe Diretiva da ABET (Gestão Afirmativa 2022-23)